Por: Anderson
Publicado: Qua, 19 de março de 2025 | Atualizado: Qua, 19 de março de 2025
A Nvidia (NVDA), gigante americana no mercado de chips para inteligência artificial (IA), brilhou no centro das atenções durante sua conferência anual GPU Technology Conference (GTC), realizada em San Jose, na Califórnia, no dia 18 de março de 2025. O CEO Jensen Huang apresentou uma palestra aguardada, anunciando os novos chips Blackwell Ultra, que devem chegar ao mercado no segundo semestre deste ano, e os GPUs da próxima geração, Vera Rubin, previstos para 2026.
Apesar das novidades promissoras, as ações da empresa caíram 3,4% na terça-feira, refletindo preocupações globais no mercado e dúvidas dos investidores sobre o crescimento acelerado do setor de tecnologia. Confira os detalhes do evento, o que essas inovações significam para o futuro da IA e como isso pode impactar o Brasil.
Os novos chips Blackwell Ultra são uma evolução dos atuais GPUs Blackwell, que já estão fazendo sucesso. Jensen Huang destacou que os chips Blackwell geraram US$ 11 bilhões em receita no último trimestre de 2024, mesmo enfrentando rumores de superaquecimento e pequenos problemas na produção. “A produção está a todo vapor, e a demanda é impressionante”, afirmou Huang.
O Blackwell Ultra promete ser ainda mais rápido, produzindo mais “tokens por segundo” — um termo técnico que, na prática, significa que ele consegue gerar conteúdo ou processar dados de IA com maior agilidade.
A Nvidia também apresentou configurações variadas, como o superchip GB300 (que junta dois Blackwell Ultras com uma CPU Grace) e versões mais robustas com até 72 chips para servidores, voltadas para gigantes como Microsoft, Google e Amazon. Isso pode impactar diretamente serviços de computação em nuvem que usamos no Brasil, como plataformas de streaming e ferramentas de IA.
Olhando para o futuro, Huang revelou os GPUs Vera Rubin, que devem começar a ser distribuídos em 2026. Batizados em homenagem à astrônoma Vera Rubin, esses chips trazem uma CPU personalizada chamada Vera, baseada no design Olympus da Nvidia.
Pela primeira vez, a empresa não usará CPUs padrão da Arm, prometendo o dobro da performance em relação aos chips Grace Blackwell. Além disso, os GPUs Rubin vão suportar até 288 GB de memória rápida e entregar 50 petaflops durante tarefas de inferência — mais que o dobro dos 20 petaflops do Blackwell atual.
A Nvidia também já adiantou outros projetos: o Vera Rubin Ultra, previsto para 2027, e uma arquitetura chamada Richard Feynman, esperada para 2028. Esse ritmo anual de lançamentos é uma mudança ousada — antes, a empresa fazia isso a cada dois anos. Para o Brasil, isso pode significar que tecnologias de IA, como assistentes virtuais e carros autônomos, cheguem mais rápido ao mercado local, embora os preços altos ainda sejam uma barreira.
Além dos chips, a Nvidia mostrou novos computadores voltados para IA, como o DGX Spark e o DGX Station, capazes de rodar modelos avançados como Llama e DeepSeek. A empresa também atualizou suas soluções de rede, que conectam milhares de GPUs para trabalharem juntos, e lançou o software Dynamo, que ajuda a tirar o máximo proveito dos chips.
Esses avanços podem beneficiar empresas brasileiras que trabalham com big data e IA, como startups de tecnologia e universidades.
Embora as notícias do GTC fossem empolgantes, o mercado global não estava no clima para comemorar. No dia 18 de março, ações de tecnologia lideraram uma queda generalizada nos Estados Unidos. O índice Nasdaq, que concentra empresas de tech, entrou em correção no início do mês, seguido pelo S&P 500.
No cenário internacional, medidas como tarifas impostas pelo presidente americano Donald Trump e cortes de empregos públicos nos EUA elevaram os receios de inflação, afetando diretamente empresas como a Nvidia. Aqui no Brasil, isso pode se refletir em maior volatilidade para quem investe em ações americanas ou ETFs de tecnologia.
As ações da Nvidia têm vivido uma montanha-russa em 2025. Elas começaram o ano em alta, chegando a um pico de US$ 149 em janeiro, mas despencaram após o lançamento do modelo DeepSeek R1, criado por uma empresa chinesa.
Esse modelo, que supostamente usa menos chips que os concorrentes americanos, reacendeu temores de uma “bolha de IA”, fazendo a Nvidia perder US$ 600 bilhões em valor de mercado em um só dia. Mais recentemente, após o balanço do último trimestre e com incertezas econômicas globais, a empresa já acumula uma perda de US$ 1 trilhão desde seu pico.
Analistas americanos, como Dan Ives da Wedbush, esperavam que o GTC fosse um “divisor de águas” para o mercado tech, mas o tombo das ações mostra que os investidores ainda estão cautelosos. No Brasil, onde o acesso a ações estrangeiras cresce via plataformas como Avenue e Interactive Brokers, essa volatilidade pode assustar quem estava pensando em investir na Nvidia.
Parte da reação negativa pode estar ligada às expectativas dos investidores. Embora os chips Blackwell Ultra e Rubin sejam promissores, eles só vão gerar receita significativa a partir de meados de 2025 e 2026, respectivamente.
Além disso, o ritmo acelerado de lançamentos levanta dúvidas sobre a capacidade da Nvidia de manter qualidade e evitar problemas como os enfrentados no lançamento do Blackwell. Para brasileiros que acompanham o setor, isso reforça a ideia de que o impacto dessas tecnologias no nosso dia a dia ainda vai demorar.
A Nvidia segue sendo a principal escolha para empresas que desenvolvem IA, com suas vendas multiplicando por seis desde 2022. O Blackwell Ultra, por exemplo, é otimizado para modelos que exigem “raciocínio”, como o DeepSeek, o que pode melhorar serviços que usamos no Brasil, como chatbots e tradutores automáticos. Isso é uma boa notícia para startups locais que dependem de computação em nuvem para inovar.
O GTC também destacou parcerias da Nvidia com empresas como General Motors, para carros autônomos, e companhias de telecomunicações, para redes 6G. Embora essas tecnologias ainda sejam distantes para o Brasil, elas podem inspirar empresas nacionais a explorar soluções de IA em áreas como transporte e conectividade. O evento reuniu 25 mil participantes, incluindo gigantes como Microsoft e Ford, mostrando o peso da Nvidia no ecossistema global de inovação.
Apesar do domínio da Nvidia, concorrentes como AMD e até a chinesa DeepSeek estão pressionando o mercado. Para o Brasil, isso pode abrir oportunidades: chips mais acessíveis ou soluções alternativas podem facilitar o acesso a tecnologias de IA para empresas e universidades locais. No entanto, a barreira de custo e infraestrutura ainda é alta, e o país precisa investir mais em educação e conectividade para acompanhar o ritmo global.
O GTC 2025 confirmou que a Nvidia está na vanguarda da revolução da IA, com os chips Blackwell Ultra e Vera Rubin pavimentando o caminho para inovações incríveis nos próximos anos. Porém, a queda nas ações mostra que o mercado está mais cauteloso do que nunca, e o sucesso da empresa vai depender de como ela entregar essas promessas.
Para o Brasil, as novidades da Nvidia trazem tanto inspiração quanto desafios: a IA pode transformar setores como educação, saúde e logística, mas precisamos de mais infraestrutura e políticas públicas para aproveitar essas tecnologias ao máximo. Fique de olho nas próximas movimentações da Nvidia — elas podem ditar o ritmo da inovação global e, quem sabe, chegar mais rápido por aqui.
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